- Malu Albertotti
História das Marcas: Hermés

História
Partindo de um seleiro, Thierry Hermès abriu uma pequena oficina em Paris, a qual inicialmente se chamava Caléche e vendia acessórios em couro para carruagens, selas, rédeas, estribos, botas, luvas e cintos, direcionados à aristocracia parisiense. Por conta do público, não demorou muito para que inaugurassem uma sofisticada loja no número 24 da Rua Faubourg Saint-Honoré, por volta de 1880, mesma época em que o filho do fundador da Hermès assumiu a empresa e visando ampliar o mercado incluiu itens presentes até os dias de hoje como bolsas, pochetes, sacolas e casacos.

A oficina foi transmitida de geração para geração da família Hermès, tornando-se a segunda marca de luxo mais poderosa do mundo.
Características das lojas
Com aproximadamente 310 lojas distribuídas em 49 países, a Hermès utiliza como estratégia a limitação da produção e dos locais de compra. Inclusive mantém uma lista de espera de pessoas que desejam adquirir uma Birkin, bolsa mais famosa e aclamada da marca, que pode levar em média dois anos de espera.
Lojas de departamento de luxo, como a Sacks, Barneys, Nordstrom e outras, não possuem o acervo completo da marca, dispondo de conjuntos limitados de perfumes, louças e itens para presente.
Facilmente identificada pela cor laranja de suas icônicas caixas, um fato não muito conhecido, é que originalmente as caixas eram da cor creme. A cor atual surgiu de maneira acidental: durante o ápice da Segunda Guerra Mundial, muitos materiais tiveram seus estoques zerados e a produção interrompida, inclusive as caixas na cor creme que eram utilizadas antes, então eles utilizaram as de cor laranja as quais identificaram a marca e permanecem até os dias atuais, juntamente com o slogan “os melhores presentes vêm em uma caixa laranja”.
Outra estratégia de identificação e diferenciação da marca aplicada em todas as unidades, é o conceito de que as vitrines devem possuir um visual que concilie as características da Hermès com aquelas do país/cidade aonde estão situadas
Em Paris, a charmosa e luxuosa capital francesa, há uma loja da Hermès com cafeteria e biblioteca de artes, trabalhando a questão da experiência do cliente, que no mercado de luxo é vista como um dos principais fatores para garantir a fidelização dos clientes.

A quinta boutique em Nova York foge do tradicional nicho de luxo em Manhattan e situa-se em Meatpacking District. Com a intenção de atrair um público mais jovem e moderno, a unidade apresenta um maior número de produtos sortidos e com valores mais baixos (se comparados com o valor das bolsas Birkin, por exemplo), além de um bar que serve desde água até vinhos, com opção para carregamento de celular dos clientes. Para combinar com a aparência mais irreverente e casual, os funcionários utilizam uniforme diferenciado do tradicional com tênis da grife. A decoração também foi projetada para não descoordenar das características do local: skates, snorkel, bicicletas e mochilas ficam lado a lado com os luxuosos lenços de seda, gravatas e bolsas tradicionais da marca.
No Brasil, a primeira loja foi aberta em 2009 no Shopping Cidade Jardim e alguns dos produtos eram confeccionados com seda brasileira. Sendo que a partir de 2013, a loja virtual Etiqueta Única passou a vender bolsas Hermés já utilizadas. Os trajes de equitação do cavaleiro Rodrigo Pessoa são resultados da parceria firmada entre ele e a marca de luxo.
O marketing da Hermés
A Hermés é forte na autenticidade e mais leve no marketing, reforçando o conceito de luxo autêntico. Utilizando apenas 5% de suas vendas destinados a publicidade, Hermés aposta em uma abordagem sutil e silenciosa com baixa exposição. Devido á intenso interesse pela vida das celebridades que vestem a marca, a Hermès acabou se tornando reconhecida mais facilmente pelo público em geral, porem o intuito é ser reconhecida apenas para quem já é fiel à marca.
Com a limitação estrita da produção e distribuição de seus produtos, Hermés tem como intuito aprimorar a demanda do consumidor ao invés de atendê-la, como fazem a maioria das marcas de diferentes nichos.
A designação de autêntica marca de luxo não foi reivindicada, mas sim conquistada por parte da Hermés.

Curiosidades
Em 1922, após ouvir queixas da esposa por não encontrar uma bolsa de mão da qual gostasse, Émile-Maurice confeccionou a primeira coleção de bolsas de couro da marca.
A quantidade de seda utilizada para fabricar 1000 exemplares dos luxuosos cachecóis Hermés equivale a 450 mil metros de fio de seda, extraídos de aproximadamente 300 casulos de bicho da seda.
A partir de 1914, a marca passou a fornecer selas para o czar da Rússia, ganhando os direitos exclusivos sobre o mecanismo de abertura/ fechamento via zíper em artigos de couro, já que foi a primeira marca a apresentar o dispositivo.
Em 1918, o Príncipe Edward de Gales solicitou a produção exclusiva de um casaco de couro com zíper, fazendo o fecho ficar conhecido como “fermeture Hermès” (na tradução para o português “fecho da Hermés”) por toda a França
A primeira bolsa com fecho de zíper surgiu em 1923 e o modelo foi denominado de Boldie
Após a polemica de 2015 envolvendo o uso de couro de crocodilo obtido de possível abate cruel dos animais para a produção dos modelos Birkin, a atriz Jane Birkin solicitou que seu nome fosse desvinculado da marca, Logo a Hermès se manifestou e não reconheceu a fazenda de criação citada como sua e conseguiu provar que eram acusações falsas. Portanto a bolsa de crocodilo do modelo citado continua sendo chamada de Birkin.

A também icônica bolsa Hermés Kelly ficou famosa em 1935 após uma fotografia da Princesa de Mônaco onde ela vestia o acessório para esconder a gravidez quando seu ventre se tornou saliente.
Victoria Beckham teria uma coleção de bolsas da Hermès no valor de mais de US$ 2 milhões
Fontes: Hermès; Forbes; Laurak; Pure People; Vogue